Davi Ramos

Eastern Promises

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Eastern Promise (2007, EUA), David Cronenberg

Sinopse: A parteira Anna Ivanovna decide procurar a família de um bebê recém nascido na noite de natal. Seu caminho acaba se cruzando com a máfia russa em Londres.

Confesso que demorei a reconhecer o talento de Cronenberg. A mesma esquisitice que me atraía em seus filmes, me levava também a uma postura preconceituosa, por julgá-lo pop demais talvez. Mas a verdade é que assisti muito pouca coisa dele. Dessa fase, vale citar o excelente eXistenZ, filme que lida com realidades virtuais de forma violenta e profética. Se Marcas da Violência me fez olhar sua produção de forma diferente, este Eastern Promise (ainda sem tradução) me convenceu de seu status de mestre. Para quem estuda e faz cinema, é muito prazeiroso ver um filme que a cada plano ressalta a madureza de um diretor que encontrou a sua forma, o seu universo, o seu touch, como diria o professor Setaro.

Em seus últimos dois filmes (não falo sobre mais pois não os assisti), Cronenberg combina planificação clássica, personagens fortes (uma constante reprogramação de estereótipos) e diálogo com o cinema de gênero (máfia e policial). Por conta disso, é possível pensar numa relação entre o seu cinema e a produção atual dos irmãos Coen. A mutilação corporal de altíssima qualidade (ele deve usar os melhores técnicos em FX da indústria, pois parecem reais e são filmados em detalhes) continua a sua marca, e a estética clean do restante do filme não é gratuita: serve para acentuar o impacto desses momentos, onde ele claramente realiza uma obsessão pessoal.

Resumindo, o filme é um primor. Personagens vívidos e a elegância de uma técnica impecável, mas que se torna invisível para deixar rolar, no espectador, o sentimento genuíno que só produzem as grandes histórias.

Estréia no Brasil em 8 de Fevereiro.

nota do autor: por conta de um certo cansaço do formato, não mais produzirei críticas, apenas comentários pessoais sobre filmes (a exemplo deste) e textos livres sobre cinema.

Publicação original

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