Oldboy
O que você faria se tivesse passado os últimos quinze anos de sua vida preso em um quarto sem saber o motivo, tendo como único contato com o mundo as 14 polegadas de uma tela de TV? Qual seria a primeira coisa a fazer quando esse pesadelo acabasse? Reconstruir sua vida, talvez. Mas e se ela não existisse mais?
Melodrama levado às últimas conseqüências, Old Boy é uma fábula moderna do sofrimento. O vilão inacreditavelmente maligno, as reviravoltas, o fatalismo grego da não hesitação diante da tragédia, a mutilação como redenção (Édipo) - Old Boy é drama de vingança tipicamente oriental. É mangá, é Tarantino, é videogame, é fábula moral trash. A gratuidade da violência não remete a um barbarismo calculado, a um delírio visual de mutilação e sangue. É fruto natural da ação de personagens baixos, torpes, quase personificações satânicas do mal que se encontra, em geral, esparso e oculto nas ações humanas. A violência não é gratuita. O mal, sim.
Difícil pensar em atuação ao ver o trabalho Min-sik Choi. O ator coreano parece ter passado, de fato, os tais quinze anos sem contato com o mundo. Não apenas a expressão emocional - seu rosto carrega os traços físicos do tempo.
O exagero das interpretações, a brutalidade das cenas beira por vezes o pastelão. Mas o cinema oriental é dotado de uma tal capacidade de apostar no que as histórias têm de fundamental, no que elas trazem de um conhecimento universal dos dilemas humanos, que rapidamente identificamos ali a figura do narrador, que deseja não só narrar como levar a uma conclusão destes dilemas. A tal moral da história.
Sinopse (adaptado do IMDB): Depois de ser seqüestrado e aprisionado por 15 anos, Oh Dase-Su é libertado, só para descobrir que deve achar seus captores em cinco dias.